"Once you will know my dear
You don't have to fear"
Mother Earth
(Within Temptation)
Quando iluminamos uma sombra normalmente deixamos de vê-la, ou pelo menos de ver parte de sua formação. Contudo, isto não acontece no mundo dos sonhos. Nele, quanto mais iluminamos uma sombra, maior sua escuridão se torna. Quanto mais nos mostramos, menos revelamos.
Era uma vez e eles viveram felizes para sempre, são as palavras que todos queremos ouvir, pois resumiriam tudo o que passamos a passado e tornariam todo o futuro pacífico. Não temos esse direito, não no mundo dos sonhos, aqui lutamos para acordar e quando finalmente despertamos somos obrigados, novamente, a dormir. O que reside na alma humana? Sombra? Esperança? Luz?
São pensamentos soltos e que não requerem uma interação, a você, que está lendo isso (eu mesmo, na maioria das vezes), não desejo a luz das respostas e sim a escuridão das perguntas. O mundo não gira por quem sabe tudo e sim, acredite, gira por quem mais quer saber. Não saber, visto como algo aterrorizante por quem mais desconhece as respostas, acaba sendo o maior sonho de quem as tem. A ignorância, uma dádiva concedida e incompreendida se torna o herói e o vilão da humanidade, quem à detém a despreza quem à perde, à idolatra.
A escuridão não é ruim, não necessariamente.
Todos passamos, em algum momento da vida, por uma crise existencial que não se dissipa totalmente, que permanece incrustada em nossa consciência como um adesivo que deixa marca da cola ao ser removido. Essa crise, em um dado momento, nos leva a pensar e a pesar nossos valores morais e sociais. Isso não é ruim, não mesmo, contudo, não entender essa situação e deixar crises irem se acumulando é devastador.
Não é uma nota pessoal, longe disso, é uma nota social, histórica e antropológica, a espécie humana, como seres sociais, falha em resolver suas crises e as isola em caixas seladas, que se quebram facilmente quando as empilhamos da maneira que sempre fazemos. Isolar os sentimentos negativos não os apaga, mas sim os potencializam, tornando-os imensos e imbatíveis.
Abraçar a escuridão nada mais é do que esquecer o medo de se encontrar consigo mesmo e ter coragem de abrir todas as caixas. Suas caixas trazem conhecimentos cruciais sobre você mesmo, conhecimentos que você tentou enterrar, por receios sociais. Isso não significa se tornar melhor ou pior, nem mesmo mau ou bom, significa se conhecer e ter consciência de suas ações. Deixar de fazer algo por ser aceito pelo senso comum ou por estar escrito em algum lugar que é o correto. Se conheça, se defina, se entenda, seja honesto consigo mesmo.
Abraçar a escuridão é se libertar de conceitos, esquecer o que foi e pensar no que será, sem deixar de dar a devida importância à estrada que te trouxe ao lugar onde se encontra, mas tendo em mente que onde se encontra não é nada mais que um lugar na estrada.
Abraçar a escuridão não é se envolver em trevas ou abdicar da luz, é deixar de lado todo esse contexto histórico ou religioso e entender que você está acima disso, pois suas decisões afetam ao todo, que é formado do conjunto de decisões de cada indivíduo.
Seja você o que você realmente é, não o que você quer que as pessoas saibam que você é, nem o que as pessoas querem que você seja. Seja real, para você mesmo.